Autor: Raimundo Ribeiro da Silva
Caro amigo leitor
agora preste atenção
eu vou contar uma história
que causa admiração
que aconteceu comigo
nas matas do Maranhão
Em 1º de novembro
Dia de Todos os Santos
caiu dia de domingo
juntou-se dois dias santos
eu saí para esperar
sem pensar de sofrer tanto
Sentei-me entre dois galhos
era uma tarde fagueira
sem saber que neste dia
era a queda do Ribeiro
Quando foi pelas seis horas
da tarde do mesmo dia
suntei chiar lá no mato
conheci que era a cutia
vinha escondida no mato
era de longe eu não via
Apanhei a espingarda
resolvi atirar
porém a bicha correu
adiante ouvi escarrar
naquele mesmo momento
me avechei pra me apiar
Quando eu fui me apiando,
ouvi o pau estalar
só fiz gritar oh! meu Deus,
agora vou me acabar
quando eu bati no chão
senti os osso estralar
Levantei muito cansado
sentindo grande fadiga
era uma coisa estranha
sentindo dor na barriga
dizia meu Deus do céu
será que tu me castigas?
Desci de ladeira abaixo
tremendo com muito medo
de me enganchar e cair
naquele grande degredo
até que pude sair
na estrada do mel azedo
Quando saí na estrada
ainda todo doído
passando a mão na barriga
doía até os ouvidos
Quando cheguei lá em casa
foram todos surpreendidos
Por verem a minha agonia
faltando até o destino
sempre fazendo prece
ao grande juiz divino
Aí mandei Bastião
ir atrás de Sivirino
pegou sua bicicleta
saiu em toda carreira
pensando naquela queda
que a coisa não era asneira
Quando chegou Sivirino
tinha ido pra Traqueira
partiram para o Centrão
pra ir me buscar lá
às nove horas da noite
viemos de lá pra cá
E quando cheguei em casa
ainda passando mal
muita gente me dizia
que era meu dia final
Porém, tiramos direto
vim parar no hospital
era o doutor Everaldo
que ali veio me engessar
e disse seu Raimundão
você não vai morrer não
agora vai escapar.